Mulher passa 3.661 trotes na PM, agride policial e é presa

Moradora do Vale do Sol diz que acreditava estar ligando para uma rádio, à procura de um locutor

A dona de casa Silvana de Oliveira, de 45 anos, moradora do Vale do Sol, foi detida na tarde de ontem após passar 3.661 trotes no 190 da Polícia Militar em apenas uma semana. Foram 523 ligações por dia, entre 10 e 17 de junho, o equivalente a uma ligação cada três minutos.

A frequência desses trotes fez com que o Comando de Operações da Polícia Militar (Copom) rastreasse as ligações e chegasse a uma residência no Vale do Sol.

Segundo Silvana, que mora apenas com o filho de 12 anos, as chamadas de seu celular eram destinadas a uma emissora de rádio e sua intenção era falar com um determinado locutor.

A mulher foi levada ao 3º distrito policial de Araraquara para ser ouvida, mas o problema só aumentou. Durante seu depoimento, ela se alterou e acabou arranhando o rosto de um Policial Civil. Com isso, apesar de não responder por falsa comunicação de crime, já que ela apenas ocupava a linha da polícia, a mulher acabou sendo presa pelo crime de lesão corporal, desacato e resistência, e foi encaminhada à Cadeia de Santa Ernestina.

Segundo familiares, ela teria tido depressão pós-parto e até hoje sofreria com a doença.

Entretanto, para o psicólogo Rogério Crevelenti Fioraneli, apenas a depressão não seria suficiente para que ela tomasse tal atitude. “Quando a pessoa passa por um grande estresse e não consegue superar ou se adaptar a ele, ela pode acabar tendo problemas, como o desenvolvimento de uma esquizofrenia, bipolaridade ou psicose”, explica. O psicólogo ressalta ainda sobre a importância de um tratamento para esses casos. “Elas alteram entre uma fase depressiva e outra maníaca. São pessoas que precisam de um tratamento adequado para ter uma vida melhor.”

Mais de 40% das ligações são trotes

No início do ano, a Tribuna Impressa publicou reportagem sobre o número de trotes aplicados ao 190.
No ano passado, a Polícia Militar recebeu, por mês, uma média de 16.858 telefonemas no 190. Desses, 43,6%, o equivalente a 7.356 ligações, eram trotes. Por dia, são cerca de 540 atendimentos, com 240 pedidos falsos de socorro.

Para evitar o envio de viatura nesses trotes, os atendentes verificam antes o endereço, para saber se realmente existe antes de atender ao chamado. O objetivo é evitar que as viaturas acabem indo para um trote e deixem para trás emergências reais.

O soldado André Luiz Machado, que levou Silvana à delegacia, explica que os trotes congestionam as linhas da polícia e prejudicam quem realmente precisa. “A linha ocupada impede que aquele que precisa realmente de ajuda consiga falar com a Polícia”, ressalta.

Lei

O artigo 266 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940, diz que “interromper ou perturbar serviço telegráfico, radiotelegráfico ou telefônico, gera pena de um a três anos de prisão e multa.

Fonte: Araraquara.com

Link da notícia: http://www.araraquara.com/noticias/policia/NOT,0,0,854280,Mulher+passa+3-661+trotes+na+PM+agride+policial+e+e+presa.aspx